A minha bisavó que viveu até aos 94 anos. Uma senhora lindíssima, olhos de um azul cristalino, meiga e amiga de todos, que fazia uns bolinhos deliciosos.
A minha avó materna, de quem herdei o nome, a cor dos olhos e, dizem, o feitio. Aos quarenta e cinco anos foi avó pela primeira vez e nesta idade lutou contra o cancro do colo do útero e o cancro da mama e nunca perdeu a sua altivez. Tradutora de russo, adorava estar rodeada dos seus oito netos e da sua gata. Entrava nas brincadeiras como se tivesse a nossa idade.
A minha avó paterna era a nossa segunda mãe e infelizmente partiu muito cedo, aos meus 15 anos, vítima de cancro. A avó que vivia no Porto era também uma senhora lindíssima de olhos azuis acinzentados, muito elegante, professora primária, que adorava viajar e tinha uma cultura geral imensa. Uma crónica muito especial lhe dediquei.
A minha tia-avó, que nos marcou pela forma como nos adorava. A minha madrinha de casamento, o meu anjo da guarda.
A minha mãe, uma confidente e amiga de todos os tempos, de quem herdei o tom claro do cabelo, os olhos verdes e o que hoje sou. Devo-lhe tudo. É a minha mãe.
A minha sogra, a minha atual segunda mãe e que me apoia em tudo e está sempre ao meu lado. É uma grande avó, apesar da sua pequena altura, sempre presente e super brincalhona.
As minhas duas irmãs, as minhas confidentes e apoiantes. Funcionamos como um clã de proteção mútua e estamos sempre a postos para entrar em ação assim que alguma aciona o SOS. Fazemos das tripas coração umas pelas outras. Somos irmãs.
As minhas duas filhas que já estão umas mulherzinhas e fazem parte do ar que respiro. Tenho a consciência de que em breve eu serei “apenas” uma “mera” espectadora, facilitadora e eterna apoiante do seu desenvolvimento. Ser mãe destas duas princesas e do meu príncipe é a minha missão de vida. O resto é para sossegar a minha mente inquieta e pagar as contas.
As minhas queridas amigas e companheiras de luta diária que estão sempre ali ao meu lado e que não me deixam “cair”. Dou destaque a uma amiga muito especial que partiu em 2003 com apenas 43 anos e com quem aprendi muito do que sou hoje a nível profissional e pessoal. Uma mulher incrível que recordo com muita saudade.
A todas as guerreiras, bisavós, avós, mães, filhas, netas, bisnetas e amigas, símbolos de determinação e coragem dedico esta crónica.
(texto publicado na edição de 27 de novembro de 2014)