A falta de resposta por parte dos cuidados de saúde primários – como sejam a falta de vaga, hora da consulta incompatível com o horário de trabalho ou médico ausente – foi a razão apontada, em maio passado, por 14% dos utentes para justificar o recurso à Urgência Geral do Hospital de Santo André, em Leiria.
Um questionário aplicado a 733 pessoas que recorreram àquele serviço permitiu ainda concluir que 58% (pouco urgentes e não urgentes) foram às urgências por preferência pessoal, enquanto apenas 19% eram referenciados pelos centros de saúde.
O resultado do inquérito então realizado pelo Centro Hospitalar de Leiria (CHL) serve agora de mote para um estudo mais aprofundado.
A unidade de saúde quer perceber o que leva os utentes pouco urgentes e não urgentes à urgência como primeira opção, qual o perfil dos “hiperfrequentadores” da Urgência Geral e qual o grau de conhecimento que um utente pouco ou não urgente tem sobre o funcionamento da consulta aberta nos centros de saúde.
A investigação está a ser desenvolvida em parceria com a Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLEI) no Hospital de Santo André, e irá estender-se ao Hospital Distrital de Pombal e ao Hospital Bernardino Lopes de Oliveira, em Alcobaça, em 2015.
Em Leiria, começou no passado dia 12 com a aplicação de um novo questionário aos utentes, e irá prolongar-se até 20 de dezembro.
“O recurso aos serviços de urgência de forma inapropriada é um problema comum em diversos países e Portugal não é exceção, sendo uma preocupação constante, e motivo de reflexão dentro do SNS”, explica Alexandra Borges, vogal executiva do Conselho de Administração do CHL.
Segundo a responsável, “importa a articulação entre os níveis de cuidados, já que, segundo estudos recentes, quanto melhor for essa articulação, menor será o recurso indevido da população ao serviços de urgência”.
(Notícia publicada na edição de 20 de novembro de 2014)