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Sociedade

Escola de Caldas da Rainha é Special One

José Mourinho foi aluno da Escola Secundária Raul Proença, há mais de 30 anos. Terá ficado diluída na escola de Caldas da Rainha, uma partícula de sede de sucesso que caracteriza a carreira do treinador?

A Escola Secundária Raul Proença é presença assídua nos lugares cimeiros dos rankings escolares. Este ano ultrapassou as crónicas expectativas em torno das escolas públicas de Lisboa ou Porto, e tomou de assalto o trono reservado para a escola pública que melhor figura no ranking que compara os resultados dos exames dos 11º e 12º anos de escolaridade. Se a presença de Mourinho é coisa do passado, o método e a procura da vitória que o caracterizam, parecem fazer escola. 

esrp“O primeiro lugar surpreende sempre, mas um resultado que reflita a qualidade, não me surpreende”, confessa Paula Martins, subdiretora da escola que acumula funções de direção depois da aposentação de José Pimpão, anterior diretor a quem faz questão de atribuir mérito pelo resultado alcançado. Na tarde da última segunda-feira, Paula Martins já colecionava imensos contactos da comunicação social. Ser a primeira escola pública do país – “tem um sabor diferente”, confidencia – mas acarreta o interesse mediático.

Olhando para o ranking – e o REGIÃO DE LEIRIA adotou a tabela do semanário Expresso – Leiria consegue intrometer-se na hegemonia das grandes áreas metropolitanas. É o único distrito com duas escolas públicas nas dez melhores escolas públicas do país, para além de Lisboa e Porto. Desde 2012, o Ministério da Educação, para além dos resultados curriculares, divulga os dados de contexto das escolas.

Serão estes fatores determinantes para o sucesso? Nem sempre. Basta comparar a secundária de Caldas da Rainha, “campeã nacional”, com a mais bem classificada secundária da cidade de Leiria, a Domingos Sequeira. Ora, a escola de Leiria conta com instalações amplamente renovadas graças à intervenção da Parque Escolar, quase 95 por cento dos docentes nos quadros e encarregados de educação com habilitações escolares que variam entre os 12,4 anos (pais) e 13,6 anos (as mães). Acresce que “apenas” 16,8% dos alunos têm apoio social. Esta escola conseguiu o 154º lugar a nível nacional e nono distrital. Já a Raul Proença funciona em instalações a necessitar de obras, tem 88,6% dos professores nos quadros e encarregados de educação com habilitações escolares que variam entre 11,1 e 12 anos. O apoio social abrange 22,2% dos alunos.

E se olharmos para a segunda melhor escola do distrito, o contexto é ainda mais desfavorável (ainda que os dados reflitam não só a escola, mas todo o agrupamento). Na Batalha, 29,7% dos alunos contam com apoio social, as habilitações médias dos pais variam entre os 7,7 e os 9 anos. Também esta secundária necessita de algumas obras e a estabilidade do corpo docente não se distingue da média (89,2% dos docentes estão nos quadros). É a segunda melhor escola do distrito e a 44ª do país.

Tática para vencer
É aqui que a receita de empenho e sede de vitória de José Mourinho regressa à equação. E não apenas na escola que o treinador frequentou. Afinal, explicam os responsáveis das escolas que encimam o ranking distrital, trabalho e dedicação, são os ingredientes do sucesso.

“É um trabalho de equipa e de empenho dos alunos, da sua vontade de ter bons resultados, acompanhamento e dedicação dos professores e dos pais e encarregados de educação”, assegura Paula Martins. Luís Novais, diretor da Escola Básica e Secundária da Batalha, aponta o trabalho desenvolvido desde os primeiros anos de escolaridade, como o fator que ajuda ao resultado positivo. E claro, o “esforço desenvolvido pelos alunos que percebem que para ter sucesso é necessário empenho, trabalho e dedicação”. E se o contexto nem sempre é o mais favorável, há estratégias que ajudam a contorná-lo.

Em ano em que as escolas particulares engordaram a distância nos rankings nacionais em relação às escolas públicas, Paula Martins admite que a diferença nas condições de trabalho ajuda a explicá-la. “A escola pública tem menos recursos e turmas muito grandes, aqui a média é de 28 alunos por turma”, exemplifica. “Com melhores condições, seria possível fazer um trabalho de ainda melhor qualidade”. Já Luís Novais, admite que o ensino é uma maratona:“o sucesso não pode ser só visto por um resultado final, temos de ver qual é o ponto de partida e o de chegada”, refere.

ranking

Carlos Almeida
carlos.almeida@regiaodeleiria.pt

Leia o trabalho na íntegra na edição de 4 de dezembro de 2014

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