As contas do Santuário de Fátima não são divulgadas desde 2006 devido à ausência de regulamentação da Concordata, disse à agência Lusa o reitor da instituição, adiantando que o templo não tem problemas financeiros e os peregrinos são generosos.
“Aquilo que foi uma decisão do Conselho Nacional para o Santuário de Fátima é que iríamos fazer uma pequena pausa até que definitivamente estejam regulamentados todos os aspetos que têm a ver com relação entre a Igreja e o Estado ao abrigo da Concordata assinada entre a República Portuguesa e a Santa Sé”, explicou o padre Virgílio Antunes.
Segundo o sacerdote, “há algumas coisas que estão indefinidas e que criam até algum embaraço à própria Igreja, porque às vezes não sabe ainda exatamente quais são as regras que tem que seguir”.
O responsável do santuário disse esperar que este seja um “período transitório”, findo o qual as contas tornarão a ser públicas, pois “elas são feitas, são apresentadas ao Conselho Nacional constituído por um conjunto de bispos, são aprovadas”.
A Concordata, tratado que regula as relações entre o Estado e a Santa Sé, foi assinada em maio de 2004, mas mantém áreas por regulamentar, como o património, a fiscalidade ou o ensino de moral e religião.
O reitor assegurou que o santuário não tem “problema nenhum” em revelar as suas contas. “Não temos nada a esconder de ninguém”, disse.
“Sabemos que os peregrinos são quem sustenta o Santuário de Fátima. São ofertas livres, voluntárias, generosas inclusivamente, que são uma característica do povo português”, referiu, lembrando que são os portugueses que mais visitam o templo.
Questionado se o santuário tem problemas financeiros, o padre Virgílio Antunes respondeu negativamente, salientando que a administração procura ser “séria” e “cuidada”, não “para esbanjar”.
A divulgação das contas do Santuário de Fátima foi iniciativa do bispo emérito da diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, e começou no ano 2000, com informação relativa ao ano anterior.
A apresentação foi interrompida em 2006, depois da apresentação dos dados financeiros da instituição aos peregrinos que se encontravam no recinto do santuário a 13 de julho.
As contas de 2005 revelaram um prejuízo de 3,7 milhões de euros, justificado pela construção da Igreja da Santíssima Trindade, inaugurada dois anos mais tarde.