De uma casa de família do século XVII vai nascer o complexo Crédito Agrícola de Leiria. A Caixa comprou o edifício e vai mudar-se para a Casa do Terreiro no início de Janeiro.
No jardim renascentista, as camélias hão-de florir este inverno, ao lado da fonte e de um painel de azulejos.
As ervas aromáticas prometem manter-se tão viçosas no pomar quanto a trepadeira que um dia vai ladear o lagar, mesmo que nessa altura já seja aquele um museu agrícola.
Na capela não é suposto celebrar-se missa, mas haverá sempre devotos a Nª Srª da Conceição que a vão contemplar. E da rua, através das grades, qualquer um poderá matar a curiosidade e espreitar por uma fresta a história da Casa do Terreiro, que Leiria também conheceu como o Palácio dos Ataídes.
É para lá que se vai mudar já em Janeiro o quartel-general da Caixa Agrícola, agora que o edifício está totalmente recuperado, seis anos depois de adquirido. Num dia quente de Junho, em 2004, estava tudo pronto para lavrar a escritura que haveria de passar para as mãos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Leiria a Casa que a família Ataíde construiu na cidade, por volta de 1700.
Porém, nessa manhã, morreu o mais velho dos quatro irmãos herdeiros. Adiou-se a escritura mas não o projecto. Afinal, o negócio estava feito: um milhão e meio de euros transferidos para a conta da família, que “foi uma das primeiras a chegar a Leiria e a última a ir embora”, conta agora Mário Matias, nascido e criado na cidade, responsável máximo da Caixa há 52 anos.
Paula Sofia Luz (texto)
Joaquim Dâmaso (fotografias)