Há um fator incontornável no processo de escolher o rumo que queremos e temos de dar ao nosso percurso profissional ou académico. A questão monetária até pode não ser a variável central na equação, mas é demasiado leviano não a considerar. Afinal, as necessidades básicas, o conforto e a qualidade de vida têm uma relação estreita com o poder económico. E, se abordamos a questão do rendimento, estamos a falar de unidades monetárias. No nosso caso, de euros.
Colocada a questão de forma simples, poderemos interrogarmo-nos da seguinte forma: será que se eu estudar mais vou ganhar mais?
Os dados disponíveis indicam que sim. O ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é um indicador importante para medir a evolução dos salários e a qualidade de vida e é interessante analisar se o nível de escolaridade dos trabalhadores tem impacto no ganho médio mensal, ou seja, se a aposta na melhoria das habilitações tem resultado em um maior rendimento mensal.
Olhemos os dados disponibilizados pela Pordata, que nos permitem espreitar não só a realidade nacional, como também o ponto de situação na nossa região de 1985 a 2019. São mais de três décadas, um intervalo de tempo capaz de nos permitir um olhar consequente.
E o que nos revelam os dados? Mostram que o ganho médio mensal tem aumentado em Portugal ao longo dos anos. Em 1985, o ganho médio mensal em Portugal era equivalente a 170,5 euros, e esse valor aumentou para 1.206,3 euros em 2019. No entanto, esse aumento não foi linear ao longo do tempo, apresentando variações significativas em alguns anos e em alguns municípios.
E na nossa região, os dados deixam claro que, em média, o rendimento auferido por quem tem habilitações superiores é sempre superior ao ganho médio desse concelho. Em termos simples, estudar mais compensa. Isso não quer dizer, todavia, que essa seja uma lei imutável e genérica.
Na realidade, há uma variação de concelho a concelho, sendo certo que na generalidade dos casos, na nossa região, o rendimento médio até de quem tem diploma superior é inferior à média nacional desse escalão de habilitações.
Futuro com inteligência artificial
Entretanto, o mundo do trabalho pode vir a enfrentar alguns choques, mesmo ao nível da remuneração, em consequência das mudanças tecnológicas. Em concreto, começam a chegar sinais de mudança, com empregos bem pagos, num novo ambiente laboral que convive com a Inteligência Artificial (IA). Mais uma vez, o conhecimento pode significar significativas vantagens remuneratórias.
A revista Forbes aponta que a maioria das aplicações de IA envolve algum nível de direção humana. Por isso, será de esperar que floresçam empregos de cientista de pesquisa em IA que, na prática, estudam a própria Inteligência Artificial, conhecendo os seus limites e aperfeiçoando-a. É ainda de esperar a importância de profissionais que lidem com a análise de dados de IA. É que, no cerne da Inteligência Artificial, está a análise de dados. E gerir os dados fornecidos a um programa baseado em IA é crucial.
Será ainda de esperar que surjam oportunidades para o emprego de consultor de IA: a IA tem uma ampla gama de aplicações, mas pode parecer difícil a sua implementação. O consultor especializado pode ser uma ajuda preciosa. Sem surpresas, a Engenharia de Software para IA é uma área que a Forbes prevê que se expanda.
“A inteligência artificial depende fortemente de engenheiros de software para desenvolver programas alimentados por IA. Uma formação sólida em engenharia de software pode ser uma boa base para uma carreira em IA”, adianta o artigo “What jobs are available in Artificial Intelligence? How to make a career in this aI boom”.
A componente de vendas de IA é outra área profissional em ascensão: “As ferramentas alimentadas por IA abrangem uma ampla gama de indústrias. Normalmente, uma posição de vendas de IA concentra-se num único produto numa determinada indústria. Irá ajudar os clientes a aprender a usar a ferramenta no trabalho e pode identificar clientes que possam beneficiar da ferramenta que está a vender”, aponta o artigo. Escusado será dizer que o aprofundamento do conhecimento sobre a IA é importante para conseguir integrar a força de trabalho especializada.
