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10 mil passos para uma vida ativa

Uma das mensagens que se tem difundido é que para sermos fisicamente ativos devemos realizar 10 mil passos por dia. Mas, de onde vem este número?

Bruno Pereira Carreira
Médico
drbcsports@gmail.com

No próximo dia 6 de abril comemora-se o Dia Mundial da Atividade Física. São várias as iniciativas a serem desenvolvidas um pouco por todo o mundo, sendo que todas têm em comum um aspeto, a promoção duma vida mais ativa fisicamente.

Ora, uma das mensagens que se tem difundido é que para sermos fisicamente ativos devemos realizar 10 mil passos por dia. Mas, de onde vem este número? Será realista?

Esta ideia dos 10 mil passos vem, na realidade, dos anos 60, tendo sido proposta por um japonês chamado Yoshiro Hatano.
Hatano aconselhava os 10 mil passos por dia, com o objetivo de aumentar a esperança de vida. Contudo, os famosos 10 mil passos por dia faziam parte de uma campanha de marketing com o objetivo de vender pedómetros, os primeiros aparelhos que contavam os passos dados, na altura dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 1964.

Esta campanha foi um tremendo sucesso e a moda pegou de tal forma que os mais diversos profissionais de saúde passaram a aconselhar os 10 mil passos sob a forma de caminhada ou corrida às pessoas, mesmo sem qualquer evidência científica que sustentasse esta recomendação. Só mais tarde a ciência explicou os benefícios dos 10 mil passos.

Hoje sabemos que chegar aos 10 mil passos por dia implica um gasto médio de 300 calorias, o que poderá ter um impacto importante em vários parâmetros biomédicos, como a redução da tensão arterial, melhor controlo dos níveis de açúcar no sangue e redução do peso.

Gradualmente, várias entidades ligadas à saúde, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), adotaram esta meta dos 10 mil passos como recomendação para uma atividade diária suficiente. Contudo, esta recomendação tem vindo a ser posta em causa. Sobretudo porque a distância percorrida após os 10 mil passos varia muito de pessoa para pessoa.

Senão vejamos, a resposta varia de acordo com a estatura da pessoa, dado que pessoas de maior estatura andarão distâncias maiores que as de menos estatura. Também a intensidade é um aspeto a ter em linha de conta, dado que o aumento do batimento cardíaco é mais importante do que dar um determinado número de passos.

Por outro lado, os 10 mil passos podem não ser benéficos para várias pessoas com doenças crónicas, como para alguns doentes com Diabetes tipo 2.

A verdade é que esta recomendação tem vindo a cair em desuso e atualmente a recomendação oficial da OMS é que os adultos saudáveis realizem, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana, de forma moderada a intensa.

A forma como estes 150 minutos são acumulados não importa, pois toda a atividade física conta, sendo, no entanto, aconselhável a realização de, pelo menos, 10 minutos de atividade seguidos. Portanto, importante é o tempo da caminhada e não o número de passos, para que as pessoas se mantenham saudáveis.

Se necessário, recorra a ajuda especializada para obter um aconselhamento sobre qual a “dose” de atividade física mais adequada para si, mas Pela sua Saúde, MEXA-SE!