Tive uma educação católica e sempre respeitei a fé das pessoas de todas as religiões. Durante essa aprendizagem a figura de Jesus Cristo, um dos grandes homens da história da humanidade, fascinou-me constantemente, mas apercebi-me muito cedo das atrocidades que foram cometidas em nome da Igreja. E se ao domingo ia à missa… durante a semana passava o meu tempo na oficina de livros dos meus tios. Ainda hoje existe e dedica-se à encadernação artesanal de livros que precisam de “renascer”.
Foi nessa pequena oficina que tive acesso a todos os tipos de livros e que comecei a descobrir que o homem sempre se serviu da fé das pessoas, era um autêntico mundo que se abria diariamente! Depois comecei a ter alguma curiosidade sobre a origem do Vaticano e a sua relação com o fascismo. Estava lá um livro que falava sobre o Tratado de Latrão, assinado entre Mussolini e o cardeal Pietro Gasparri. Este acordo foi a base para o Vaticano se tornar no Estado soberano que é hoje. Em Portugal, a Igreja também acabou por “namorar” com o fascismo, com a assinatura da Concordata de 1940, entre Salazar e a Santa Sé, que atribuía um bom número de privilégios e benefícios à Igreja, incluindo isenções fiscais! Antes desta Concordata, a irmã Lúcia escreveu uma carta ao bispo de Leiria, deixando o cardeal Cerejeira, o grande amigo do nosso ditador, repleto de felicidade. Nessa carta ela sublinhava que Salazar era a pessoa que Deus escolheu para continuar a governar a Pátria. A ele, Salazar, “serão dadas luz e graça para conduzir o nosso povo pelos caminhos da paz e da prosperidade”. Foi desta forma que Fátima e a irmã Lúcia ajudaram o nosso ditador Oliveira Salazar.
Actualmente “alguns” líderes continuam com uma tendência para se inspirarem na Nossa Senhora de Fátima, numa tentativa de manipularem os portugueses, mas felizmente já temos homens na Igreja que não se colam tanto aos poderes instalados e têm a coragem de ir criticando algumas injustiças que observamos todos os dias. A fé dos “cidadões” não é o BPN!
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado a 23 de maio de 2013)
luis santos disse:
o texto tem um ligeiro erro. no fim é dito “Escrito de acordo com a antiga ortografia”. Ora isso é errado. O texto está escrito segundo a ortografia actual. A “nova” (e ainda não oficializada) ortografia não saiu do papel, nem sequer tem valor legal. Assim, deve dizer-se que o artigo usa a ortografia actual, sendo que o resto do jornal usa a pseudo-ortografia que alguns menos letrados querem impor em Portugal.