Tudo começou com a ideia de instalar livrarias em locais improváveis. Uma igreja de século XII forrada a estantes onde convivem todas as liturgias deu origem à Livraria de Santiago. Um antigo quartel de bombeiros reocupado com livros expostos em caixas de fruta e com produtos biológicos fez nascer a Livraria do Mercado. Outros locais singulares se seguiram e, hoje, Óbidos é conhecida pelas suas livrarias não convencionais e até pelo seu hotel literário.
No início, não era uma estratégia. Era uma conversão de espaços no âmbito de um projeto de regeneração urbana. Porém, quando a Livraria do Mercado começou a ser mais fotografada do que a porta da vila e se tornou o local mais icónico, acendeu-se uma luz.
Óbidos nunca teve tradição literária, mas a partir daí conquistou a classificação da UNESCO de “Cidade Criativa” e atualmente é palco de um festival literário internacional, por onde têm passado muitos escritores incluindo alguns Prémios Nobel.
O Folio – Festival Internacional Literário de Óbidos, que se encontra a decorrer até domingo, é uma das faces visíveis da estratégia de desenvolvimento de “Óbidos – Vila Literária” que assenta na cultura e vê nela o elemento aglutinador de todos os eixos da sociedade.
Foi um ato de enorme perspicácia, de quem estava atento às oportunidades, conseguiu avaliá-las e delas soube tirar partido. Mas foi também um ato de loucura. Num país que continua a dedicar menos de 0,50% do Orçamento do Estado à área cultural, fazer desta, motor de desenvolvimento é contrariar o sistema e as mentes dominantes.
Depois de um confinamento em que a cultura foi tábua de salvação, pensava-se que esta poderia ter outro peso no plano de despesas do Estado para o próximo ano. Pior só mesmo o Ministério do Mar, mas isso daria outro editorial.
O caso de Óbidos merece ser visto e estudado com muita atenção, sobretudo por autarcas. Precisamos de mais insanidades como esta. É com elas que as regiões progridem e o país avança.
A loucura saudável de Óbidos
Foi um ato de enorme perspicácia, de quem estava atento às oportunidades, conseguiu avaliá-las e delas soube tirar partido. Mas foi também um ato de loucura.
José António Ferreira Gonçalves dos Santos disse:
Pois, para esses com dificuldades motoras, parece que se arranjou para ler para eles em voz alta. Pelo menos a sinopse, para saberem a história.
cristina vieira disse:
É uma pena que o tenha feito só e exclusivamente para pessoas com mobilidade normal porque nenhuma permite a entrada de pessoas em cadeira de rodas . Ja este ano ,foi inaugurada a biblioteca de óbidos, num primeiro andar sem acesso a pessoas com deficiencia. Defender estruturas às quais falta este “pequeno pormenor” é saber Nada Sobre cultura solidariedade e justiça. A crueldade e o desprezo pelos nais frágeis com que se fazem as coisas em óbidos é de uma falta de noçao das funçoes da cultura, assustadora. E fazem-no felizes e contentes com a falta de compaixao dos acéfalos.
ÓBIDOS podia ser um pequeno paraíso para leitores. Um espaço de cultura, solidário e sério. Mas não é. Só para alguns