Nesta coluna estreita, neste espaço onde quis “curar” ânsias da cidade, do desenvolvimento urbano e outras coisas afins, também chega o dia em que – após um ano de tão fraquinha fecundidade da cena urbana à escala nacional – só apetece é… exorcizar.
Olhe-se para o lado e vejam-se proliferar as ruas sem gente, as empresas falidas, as áreas obsoletas e degradadas, os andaimes velhos e as paredes que contornam, simplesmente, buracos.
Umas mais, outras menos, umas com tudo à vista, outras mais disfarçadas, as cidades têm vindo a perder vitalidade, competitividade, massa empresarial e pessoas. (Estarão à espera da refundação?). Ainda há dias, dizia o presidente da Ordem dos Arquitetos que é preciso um programa público de regeneração urbana. É certo. Qualquer programa, estratégia ou obra com massa crítica depende – também e sempre, apesar de nos quererem convencer do contrário – dos impulsos do Estado Central. Mas, ao momento, qual massa crítica e quais impulsos?
Dos arquitetos aos engenheiros, mais o Bob O Construtor, todos andam a reinventar-se. Empalidecem os sorrisos, piram-se os amigos para o Canadá e os colegas para o Dubai. Quem vende só chateia. Quem prometeu comprar, escapa-se.
E já nem há estantes com aquela espécie de doce mentira feita promessa em caixinhas vermelhas de massagens e fins de semana românticos. Até a Vida é Bela se finou.
(texto publicado a 16 de novembro de 2012)