“Um euro chega”. Varri as imediações sem avistar ninguém. “Bem vos digo, se vos apetece gastar dinheiro, gastem”. Lá estava ela, com a imponência de quem olha de cima e tem uma mangueira ligada na mão (certos poderes são discutíveis, mediante a posição em que se está). “Estou aqui há 30 anos. Não sejam totós, eles só passam até às 17 horas, principalmente em dias de festa…. Vocês é que sabem, dá para uma bica. Se quiserem, tenho trocos e vou aí a baixo buscar a moeda. Serviço personalizado e chave na mão, que a reforma não dá para as despesas”. Lá encontrámos o parquímetro e fugimos dali. Abismada, desejei “Um esguicho de água no carro, isso sim, seria de valor”.
Sandra Francisco
Gestora de Redes Sociais no Politécnico de Leiria
Exclusivo22 de Agosto de 2022
Antologia do Improviso: A Porta Continua Lá
Parei e lembrei-me da frase do saco de lona onde transporto lamentos inúteis: “Aproveito todas as rasteiras para ver a vida de outro ângulo”.