Está no início o espectáculo mediático que faz esquecer todos os outros acontecimentos que se vivem simultaneamente e que, afinal, são tão ou mais importantes. O mundial de futebol vai colocar muita pressão sobre as notícias. Desde os lençóis em que os jogadores dormem até aos jogos propriamente ditos vão ser horas de reportagem apenas para ver quem oferece a informação mais completa, profunda e no mínimo interessante. É assim o espectáculo da vida e a vida do espectáculo. É assim o balancear dos assuntos na ordem do dia. E ficam para outros planos outros assuntos emergentes. Aqueles com que temos de lidar independentemente do que se passar em terras de Vera Cruz. Tudo tem a sua importância relativa, mas o nosso mundial, aquele que tem como selecção profissional a nossa vida, esse continua levando-nos a treino todos os dias. Carregados de treinadores, desde os oficiais aos de bancada, todas as estratégias nos são gritadas ao ouvido. E lá estamos nós, cidadãos, em campo para jogos que só têm apito no começo, nas faltas, nos penalties, nos livres directos e nos fora de jogo em que somos colocados tantas vezes. Não tem apito final. Jogamos sempre e não admitimos substituição. Queremos jogar! Temos de acreditar que vamos sempre jogar… e cada vez melhor. Este é o nosso outro mundial. E que ninguém nos mande para o balneário!
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado na edição de 12 de junho de 2014)
