Estava outro dia com um grupo de amigos tão desolados com o nosso país que me senti quase com vontade de comprar um bilhete de ida para aqueles locais distantes onde para chegar saímos hoje e aterramos depois de amanhã. Percebia a sua desolação, o desalento, mesmo a passagem da ilusão ao real. Mas também olhava para tanto que nós fomos e vamos construindo e fui argumentando que é possível alcançar qualquer coisa mais. Criar mais riqueza, diferenciar, produzir de forma diferente, não ter receio de mostrar e aproveitar o momento para arriscar. Criar parcerias complementares que nos levem mais longe e que na volta nos permitam estar mais fortes. Dizê-lo é muito bonito, eu sei. Mas temos exemplos de quem todos os dias cria no sector alimentar, das bebidas, dos moldes, cria marcas, aproveita os canais, desenvolve pequenas ideias e se envolve.
E é esse também um caminho. Não alimentam a ilusão mas vivem o sonho e trazem-no à realidade. E por isso este é o país que vale a pena. Este é o bilhete que nos permite ir… e vir. Qualquer coisa mais é possível com esta vontade, com este saber e com muita concentração e noção de complementaridade. É alcançável? Não sei. É possível. Por isso acredito nas nossas capacidades e que esse locais distantes são muito bons…para visitar.
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado na edição de 10 de julho de 2014)