Desde 2001 que a economia está num intermitente e confuso ciclo entre os rasgos de crescimento, a dominância da estagnação e os ponteados da recessão. Desde 2001 que os níveis de incerteza são predominantes. Desde 2001 percebemos que a bipolarização do mundo era, definitivamente, algo do passado. Desde 2001 que os Estados e os blocos políticos e económicos perderam o medo de se afirmar. Desde Setembro de 2001 que organizações para-estatais assumem uma filosofia de afirmação que confunde os Estados. E os Estados, os blocos políticos e económicos e as organizações ditas universais, que mantém contornos governativos divergentes daquela que é a relação de poder no mundo real, não assumem a dificuldade que têm em lidar com isto mesmo. Aquilo que nós criámos, por ação ou inação, e que tem vindo a levar a um conjunto sério, real e perigoso de reações, foi espaço e justificação para que em nome de certas ideias, eventuais causas, algum desespero, bastante ansiedade e perspetivas de futuro, entidades se afirmassem. O génio humano tem destas coisas. A hipotética ordem deu origem à sensação de desordem, a um sistema onde aproximámos a incerteza da confusão e onde teremos mais dificuldade em gerir o mundo. Se é que alguma vez tivemos essa ilusão.
(texto publicado na edição de 4 de setembro de 2014)