Os últimos dias têm sido tão fartos quanto surpreendentes. Inéditos, porventura. Com quase meio século de calo democrático entre mãos, descobrimo-nos ingénuos face à realidade nacional que nos prendeu a atenção.
Carlos S. Almeida
Jornalista
Exclusivo16 de Novembro de 2023
Contra linhas cinzentas
O filme destes dias trouxe-nos a política e a justiça enlevadas num enredo que tem o melhor e o pior de um sistema. O nosso.
VP disse:
Prezado Carlos S. Almeida, não se preocupe muito com a situação atual do seu país, nada de novo sob o sol. O que aconteceu nos últimos dias no meu país, a Itália, sempre aconteceu e se repete cansadamente ao longo do tempo, sempre igual. Mas devemos ter a coragem de identificar onde realmente residem as responsabilidades, evitando cair no mal-entendido de colocar sempre todas as responsabilidades na Política. Eu vou explicar. Em primeiro lugar, os políticos são eleitos pelos cidadãos à sua imagem e semelhança, quer a motivação seja o interesse ou a ideologia. A segunda é que as pessoas não podem culpar os outros por sua falta de julgamento e, portanto, culpar os outros por passarem por conhecidos ou pararem em fila dupla, mesmo que por 5 minutos. Depois, mas só depois, intervém a responsabilidade da política, que “não” controla e “não” sanciona comportamentos que infelizmente empurram para baixo a qualidade da convivência civil. Bastaria fazer um documentário sobre como as pessoas conduzem carros em Leiria para ter todas as respostas. No entanto, há uma diferença, por exemplo, com o meu país, a Itália, onde quando se trata de “maus hábitos” não temos nada a aprender com ninguém. A política controla e sanciona e também severamente, não para educar porque senão seríamos os melhores do mundo, mas para manter pelo menos uma linha de água que evite ultrapassar o “ponto sem volta”. Aqui, no entanto, a situação poderia ser descrita como “Uma sala de aula cheia de crianças quando o professor sai e deixa a aula sozinha. Ainda haveria tempo, mas precisamos nos apressar, uma vez que as crianças aprenderam os “maus hábitos” não há mais o que fazer depois.