“A Arte deve perturbar os confortáveis e confortar os perturbados”. Esbarrei com esta frase de Banksy e questionei-me: «afinal, o que é Arte?», o que pressupõe que também exista algo que não o é.
Hoje, mais que nunca, assistimos a uma profusão daqueles que se auto proclamam “artistas”. Chega a ser quase uma epidemia desde que as tecnologias se tornaram num bem fácil, acessível e barato: há os que têm um telemóvel com uma câmara e transformam-se em fotógrafos. Se a câmara fizer filmes em Full HD, são cineastas. Depois há os que escrevem uma frase, e são escritores. Os que sabem mentir, são atores, enfim.
Como saber as diferenças? Neste momento, é quase impossível. A informação é excessiva e, quem é espectador, fica confuso, até porque não será capaz de dizer ao primo que as fotografias dele não são ‘grande coisa’, e toda a gente pode chamar Arte ao que quiser.
É verdade que muitos são os Artistas que nos confundem. São enigmáticos demais. Chegamos a sentir-nos burros. Mas há diferenças, e enquanto não soubermos, enquanto espectadores, ‘separar as águas’, o futuro será um entrave para a evolução daqueles que, efetivamente, têm talento artístico.
É que, no fundo, a verdadeira Arte é pensada, arriscada e ousada. Arrepia-nos a pele, faz-nos pensar, e transforma-nos.
Estaremos a assistir à morte do verdadeiro Artista?
(texto publicado na edição de 9 de janeiro de 2014)