Num bom jornal encontramos os grandes acontecimentos e o quotidiano, aquele que nos tece e reforça os laços de pertença a uma região ou à vida em geral, também ela feita de notícias breves e grandes títulos, de opiniões e certezas, vitórias e derrotas, conquistas e desistências.
Um bom jornal narra a vida política e desportiva, facilita compras e vendas, dá a conhecer projetos, atividades, nascimentos, mortes, sucessos, dramas e oportunidades. Promove o que de bom se faz ou quer fazer, constituindo-se como fermento do que há de vir. Um bom jornal dá voz a muitas vozes. Documenta as alterações físicas e mentais do espaço a que pertence e constrói-se como ponto de encontro, lugar de pertença, agregador da vida coletiva de uma comunidade construída em narrativas semanais que transformam factos em histórias e cidadãos em protagonistas. Um bom jornal é também o que se adapta, acompanhando as mudanças estéticas, tecnológicas e narrativas. É o que inova em formato e grafismo e cria meios de difusão adequados a um público culturalmente exigente.
Um bom jornal é o que tem uma longa história a contar histórias e o faz com a a consciência que, mais do que objeto ou narrador de devir, ele é um ator central da vida pública, é construtor de sentido, formador de opiniões e interveniente decisivo naquilo que será a História que fica para além da narrativa semanal da vida.
(texto publicado na edição de 14 de novembro de 2013)