Olhando aos dias que correm é de fácil constatação que o sistema politico vigente falhou redondamente. O paradigma politico em Portugal mais parece uma abastada cozinha de um restaurante, “tachos e panelas” são abundantes, os empregados políticos multiplicam-se para servir os “cozinhados” a preceito de barões de requintados gostos, sendo que até os comentadores da área possuem “ementas” próprias. A cada refeição o carneirismo politico senta-se à mesa, religiosamente. A apatia cívica dos cidadãos, que não convive com a teoria democrática que prescreve a participação ativa e permanente no processo de tomada de decisões políticas , é igualmente prova desse mesmo falhanço. Não bastando já este cenário, é possível perspetivar, derivado do diminuto interesse dos cidadãos em participar na vida politica, que os governantes se tornarão cada vez mais irresponsáveis pelo desempenho das suas funções na mesma proporção do aumento do abstencionismo, a democracia faz-se de participação efetiva sendo claro que a não participação acarreta o governo dos inferiores. Dois caminhos se vislumbram em alternativa, ou existe uma alteração de paradigma vindo do substrato, isto é, uma mudança do ponto de vista cultural em cada um dos cidadãos que se refletira nas chefias, ou então assuma-se de vez que o modelo é forçado e não serve, procurando-se uma verdadeira alternativa.
(texto publicado na edição de 6 de fevereiro de 2014)