Não era para haver uma segunda parte mas há (tenho que esclarecer dois pontos sobre este tipo de viagem). A emoção da viagem deixada na crónica anterior permanece. Mantenho a ideia de que viajar vicia e de que cada viagem se traduz em conhecimento e vida. Também mantenho e reforço a recomendação – se tiveres oportunidade viaja, há opções low cost e o mundo não é como te dizem ser. A única forma de teres uma ideia como funciona este planeta e descobrir o que nele existe é veres por ti mesmo.
Agora vamos à clarificação…
As empresas ferroviárias falham. Não houve uma viagem que tivesse que fazer de comboio que não falhasse em algum ponto. Quase que era capaz de ter dado o título a esta crónica de “InterRail Parte 2 – a desilusão como a seleção” e mais, eu nunca falo de futebol.
Houve de tudo, logo no primeiro dia, problemas na linha da Beira Alta obrigaram-me a ir de autocarro até Espanha (ótimo para quem escolhe comboio em vez de carro porque enjoa em viagens longas). Passei por sete países e em quatro deles tinham os comboios parados na altura da minha passagem. Tive que viajar durante mais cinco dias do que o previsto devido a greves e problemas em linhas de comboio. Outra nota importante: as viagens entre França, Bélgica e Holanda têm que ser feitas em TGV, o InterRail tem direito a alguns lugares nestes comboios mas se tiverem cheios não há hipótese de viajar. E claro, sorte do artista, numa das viagens fui posto na rua numa estação qualquer porque o TGV encheu – experiência boa a de ficar numa pequena localidade onde quase não passam comboios.
O segundo ponto é o do “conforto”. Não dá para trabalhar em comboios se viajarmos em segunda classe. Da fronteira para lá, WiFi e tomadas são uma realidade exclusiva da classe executiva.
Durante a viagem ainda apanhei um ferry de Barcelona até Palma. É bastante claro para mim, afinal barco é que é. Next time.
(texto publicado na edição de 3 de julho de 2014)