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Identidade e território: A vergonha de ser português

Sim, confesso que é uma frase forte, no entanto passou despercebida a muitos leitores deste Jornal, numa das suas últimas edições.

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João Forte, geógrafo físico jfortegeo@sapo.pt

Sim, confesso que é uma frase forte, no entanto passou despercebida a muitos leitores deste Jornal, numa das suas últimas edições. Pessoalmente, tenho orgulho em ser português, facto que não me farto de repetir cá dentro e lá fora. Pelo contrário, há outras pessoas que afirmam que têm vergonha de ser portuguesas. Estas podiam dizer, tal como eu digo, que o país está numa situação vergonhosa, que somos governados por gente vergonhosa, que muitos de nós, em vez de nos mobilizarmos, nos sentamos no sofá a ver lixo televisivo. Podiam dizer também que o povo português sofre de um mal crónico, o da preguicite aguda, a qual o remete para cantinhos onde calmamente se mantém, mesmo estando a ser roubado de tudo aquilo de maravilhoso que o país tem e lhe deu identidade. Mas não, algumas pessoas dizem levianamente que têm vergonha de ser portuguesas. A essas pessoas digo apenas que têm quase 200 países à escolha, portanto escolham um onde não exista a vergonha.

Nos últimos 7 anos tive a oportunidade de conhecer 19 países, aprendendo muito com isso. Fui confrontado com realidades díspares, nas suas mais variadas verdades e contextos. Hoje, gosto ainda mais de Portugal, pois sei do seu real valor. Somos pequenos em dimensão, mas gigantes em termos patrimoniais. Geodiversidade, Biodiversidade, Cultura, é só escolher. Será que é preciso fazer um desenho?

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado na edição de 8 de agosto de 2013)