Positivo
Dificilmente haverá uma verdadeira dimensão positiva que possamos resgatar deste ano tão trágico e peculiar. Por mais que queiramos acalentar a ténue esperança de que mudando de ano tudo isto passará, a verdade é que sinto que é precisamente nessa (bonita) ingenuidade que reside a nossa força. Assim, avançamos destemida e estoicamente para um futuro incerto mas com a certeza de que triunfaremos. A vacina será, certamente, um primeiro passo.
Negativo
Diria que o isolamento social a que os mais velhos foram sujeitos – e em especial aqueles que se encontram em situações de maior vulnerabilidade – é, porventura, a consequência imediata mais negra de todo este estado de exceção em que nos encontramos. Sentimentos de solidão agreste, abandono e exclusão invadem lares (e não só) por todo o mundo e, infelizmente, a morte anunciada será – e tornar-se-á mais e mais se não revertermos esta situação – o lugar comum.
O que não podemos esquecer
Houve inúmeros acontecimentos que permanecerão para sempre nas nossas memórias e que decorrem da absoluta necessidade de preservarmos a nossa dignidade perante a afronta que foi este vírus. Por me tocar mais próximo, a luta e a resiliência de quem vive pelas artes, reinventando-se de mil e uma maneiras para que postos de trabalho se mantenham, e a empatia que resulta do reconhecimento de que por detrás de um espetáculo há centenas de mãos que o capacitam, deixarão marcas em todos nós.