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Fui assinante de O Correio de Pombal (OCP) até ao mês passado. Não suspendi a assinatura, nada disso. O que aconteceu foi que o jornal deixou de ser publicado após a empresa sua proprietária ter sido declarada insolvente.

Adérito Araújo, professor universitário aderito.araujo@gmail.com

Fui assinante de O Correio de Pombal (OCP) até ao mês passado. Não suspendi a assinatura, nada disso. O que aconteceu foi que o jornal deixou de ser publicado após a empresa sua proprietária ter sido declarada insolvente.

A notícia pode parecer banal. Tristemente banal. Todos os dias ouvimos falar de insolvências e são bem conhecidas as dificuldades da nossa imprensa. O que a torna excecional é o facto de, com este desaparecimento, ter morrido a imprensa escrita em Pombal. Não há nenhum pombalense que se lembre de ter vivido uma situação semelhante pois, nos últimos 100 anos, existiu sempre um jornal na terra.

Atribuir a culpa pela morte do OCP aos “tempos que vivemos”, onde os conteúdos informativos passam pelas plataformas virtuais, é um argumento falacioso. Defendo a ideia de que a imprensa regional é a imprensa do século XXI. Num mundo globalizado, onde é fácil tomar conhecimento de acontecimentos longínquos, afastamo-nos cada vez mais da realidade local. Mas é precisamente por vivermos numa sociedade global que temos necessidade de reforçar a nossa identidade local. É uma questão de sobrevivência.

Em Pombal um jornal local é viável. Basta que os seus gestores percebam de jornalismo e a redação seja entregue a jornalistas. No caso do OCP nada disso acontecia. A empresa faliu por manifesta incompetência, incúria e gestão danosa.

(texto publicado a 2 de novembro de 2012)