Como sabemos, a troika mandou cortar tudo e mais um par de botas. Também sabemos que os nossos governantes pelam-se por fazer tudo o que a troika manda, quais meninos bem comportados, vestidinhos de bibe e meia branca. Portanto, está visto que o pessoal que queria mais uns “troikitos” para comprar um bocadito de bacalhau para a consoada, o melhor é ficar-se pela lata de atum, esse sim, o verdadeiro fiel amigo. É bem verdade que um grupo de tipos laureados com Prémio Nobel, um conjunto de economistas reconhecidos internacionalmente e agora até o FMI versão Christine Lagarde vêm dizer que, afinal, esta política de austeridade… estava errada. Ninguém quis ouvir e entretanto o pessoal não ganhou, como não ganhou não comprou, como não se comprou não se vendeu e como não se vendeu não se fez e fecharam fábricas, lojas, chafaricas e outros apeadeiros mercantis, deixando tudo depenado (e escusam de escrever mais tratados sobre a crise porque acaba de ficar tudo dito). Claro que há sempre uns quantos que ganham. E muito. Mas temos de ser solidários com eles porque eles são a única forma de nos vermos livres de alguns políticos que, quando saem da vida pública, têm uma vida privada tão boa que ficamos sempre na esperança que não nos voltem a chatear a cabeça.
Posto isto e para concluir, que o espaço no jornal também está em racionamento, faço votos que tenham um Bom Natal. De baixo consumo.
(texto publicado na edição de 19 de dezembro de 2013)