Quanto mais velhos ficamos mais voltamos à terra. Não sei se pela proximidade da morte ou pelo menos por equacionarmos na nossa mente essa possibilidade. Eu sempre tive esta costela de rural, que se deixa enternecer pelo crescimento apocalíptico das alfaces em plena primavera e se espanta com o enrolar das couves. Das coisas que mais me espantam são mesmo as trepadeiras que se enrolam nas redes, nos pilares, nas estruturas que andam por ali, como se soubessem trepar, como se fizesse parte da sua estratégia de vida. O cultivo da terra na escala doméstica é assim como a conceção de um filho, um milagre difícil de explicar. Atiramos a semente, plantamos um centímetro de planta e, quando damos por ela, está enorme e carregada de frutos. É impossível ficar indiferente a este milagre, a esta revelação, à surpresa de vermos a natureza a evoluir à frente dos nossos olhos e de a podermos manipular e orientar.
O meu diário: Hortas
Faço parte do grupo hortas de Portugal do Facebook, mas nunca vi gente tão bruta e mal educada a tratar tão mal quem pede conselhos