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Helena Vasconcelos

Médica

O meu diário: Viagens

Viajar é das atividades mais enriquecedoras e estimulantes para o cérebro.

hml.vasconcelos@gmail.com

Viajar é das atividades mais enriquecedoras e estimulantes para o cérebro. Passar o limite do conforto, conhecer coisas novas e desafiantes. Perceber diferenças e rotinas alheias. Desfrutar de novos sabores, empatizar, enfatizar e recolher experiências.

Quando se viaja acompanhado temos uma excelente oportunidade de aprofundar amizades, construir novas ou até destruí-las. Nas decisões que têm de ser tomadas, a tolerância e a paciência são sempre postas à prova nas viagens.

Aquela coisa que o outro dizia (o Fernando Pessoa) que viajar é perder países, não tem qualquer importância para mim, porque cada minuto que passa perdemos coisas e assim a vida é uma permanente perda e ganho. Mais a mais, eu digo sempre que hei-de voltar porque nunca fica tudo visto.

Nenhum casal se deveria juntar ou pelo menos ter filhos sem antes ter ido dar uma volta por aí de preferência sem planos e com pouco dinheiro. O conhecimento dos outros e o seu próprio conhecimento são as principais vantagens das viagens. Outra coisa quase universal é engordar. Por muito que se caminhe, por muito que a comida não seja aquela coisa das revistas, acabo sempre com uns quilitos extra para pontuar o destino. Tailândia 2Kg, Quénia 3, Brasil 4. É assim uma espécie de ranking a ver quem ganha. Às vezes dou comigo a dizer que a comida não prestava, mas a balança sempre a demonstrar o inverso.

Das coisas que tenho constatado com o andar dos anos é que as companhias são mais importantes que os destinos e contemplar é melhor do que visitar. Troco um pináculo de catedral por um por do sol. Troco uma visita a um museu por um gelado numa praça bonita.

Muitos não levam os filhos porque não vale a pena, porque depois não se vão recordar de nada. Estão completamente enganados. As experiências que vivem ficam mais do que os bens materiais. Podem não lembrar-se do Louvre, mas vão recordar aquelas corridas atrás dos pombos, daquele senhor que falava uma língua estranha e os fez correr para os pais para lhes dar a mão. Mundo é o melhor que podemos oferecer aos nossos filhos. Está na hora de programar a próxima viagem.

(Artigo publicado na edição de 12 de setembro de 2019)