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rosto do professor da universidade de estocolmo francisco lacerda

Francisco Lacerda

Professor na Universidade de Estocolmo

Exclusivo

O saco da lavandaria

Na prática, estava já na Suécia, mas era cómodo continuar a ter acesso ao apartamento sempre que eu ia a Portugal e, psicologicamente, a mudança parecia-me menos radical.

No princípio da década de 80 eu começava a considerar a possibilidade de aceitar o risco de me mudar definitivamente para a Suécia, mas desfazer-me do apartamento que tinha em Lisboa era para mim uma decisão final e difícil que precisava de tempo para amadurecer. Na prática estava já na Suécia, mas era cómodo continuar a ter acesso ao apartamento sempre que eu ia a Portugal e, psicologicamente, a mudança parecia-me menos radical. Por isso tinha contratado uma senhora, a D. Olívia, que morava na zona e se encarregava de o ir vigiando, de o manter em condições e de tratar da lavagem das roupas quando era preciso. E, para além da comodidade que me oferecia, a popularidade do apartamento foi também aumentando entre os meus novos colegas de trabalho na Universidade de Estocolmo, cuja curiosidade e desejo de visitar Portugal ia crescendo à medida que iam ouvindo os meus relatos da vida de estudante do Técnico e da Universidade de Coimbra. Se o apartamento estava livre, eu emprestava-o aos colegas que queriam ir passar férias a Lisboa e alguns aproveitaram essa oportunidade de alojamento gratuito e que tinha até a vantagem do apoio logístico que a D. Olívia lhes podia oferecer.