Numa tarde sonolenta e tórrida dos idos de sessenta, o “Arroja” parou o desgastado Renault Dauphine no adro da igreja da aldeia, abriu as portas e, no máximo, fez ouvir o som do rádio. O carro tinha sido comprado com o suor do rosto no “bâtiment” e em noites mal passadas no “bidonville”. A sociedade de consumo chegava à terrinha com bilhete social de segunda classe.
Vitorino Guerra
Exclusivo
19 de Agosto de 2023
O valor do silêncio
Nada como a gigantesca parafernália de barraquinhas, insufláveis e potentes amplificadores de som que hoje inundam os areais graças à generosa e dedicada iniciativa das autarquias, sempre preocupadas com o silêncio que possa incomodar veraneantes e banhistas.