Os benefícios da atividade física para a saúde e aptidão física, ao longo do ciclo de vida, estão bem estabelecidos. Apesar disso, a taxa de sedentarismo mantém-se elevada. No caso particular dos idosos, pessoas com 65 ou mais anos, somente 27% é que se mantêm fisicamente ativos, pelo menos de acordo com as diretrizes recomendadas. Para quem tem 65 anos, pode parecer abusivo ser chamado de idoso, mas de facto, a definição de idoso engloba todos os indivíduos que têm 65 ou mais anos de idade. Será necessário rever esta fronteira, tendo em conta o aumento da esperança média de vida.
A evidência científica revelou que os benefícios da prática regular de atividade física na terceira idade podem advir de vários tipos ou combinações de exercícios, como os exercícios de fortalecimento muscular, os exercícios aeróbios e/ou os exercícios de flexibilidade e equilíbrio. Também algumas modalidades como o ioga, o pilates ou a dança trazem benefícios comprovados. No seu conjunto, estes exercícios melhoram funções específicas como a força, a velocidade da marcha, o equilíbrio e ainda a aptidão para as atividades de vida diária, capacidades que se perdem com o envelhecimento. A atividade física contribui para a prevenção de lesões associadas às quedas, mais frequentes na terceira idade, mas também reduz em 40% o risco de lesão após uma queda, nomeadamente uma queda grave que implique cuidados médicos ou uma hospitalização. Um em cada quatro idosos cai, sendo as quedas a principal causa de lesões fatais e a causa mais comum de internamentos hospitalares relacionados com traumas em adultos mais velhos. Assim, é importante perceber que um programa de atividade física que combine os diferentes exercícios que referi terá um impacto importante e comprovado na redução das quedas e lesões subsequentes, que, muitas vezes, condicionam incapacidade permanente e perda de qualidade de vida para o próprio e para os cuidadores ou familiares.
Um dado interessante tem a ver com o facto de a atividade física melhorar não só a aptidão física, mas também a cognitiva duma forma dose-dependente, ou seja, quanto mais ativo for, mais benefício terá. Para além deste aspeto, sabe-se hoje que os níveis baixos de atividade física geralmente coexistem com doenças crónicas como diabetes, hipertensão arterial ou demência, acelerando o risco de declínio funcional e/ou cognitivo, incapacidade e mortalidade. Cerca de 80% dos adultos com 65 ou mais anos têm pelo menos uma doença crónica e 77% duas ou mais. Um verdadeiro problema de saúde pública!
Mas nem tudo são más notícias, pois nunca é tarde demais para alcançar os benefícios de um estilo de vida ativo! Tendo em conta o facto de assim poder melhorar a mobilidade, a fragilidade e ganhar mais independência, que melhor resolução para 2020 do que iniciar um programa de atividade física? Procure ajuda especializada, junto de um profissional do exercício físico habilitado e/ou médico com formação em Medicina do Exercício. Lembre-se que o equilíbrio é a chave! Seja ativamente feliz. Um excelente ano de 2020!
(Artigo publicado na edição de 2 de janeiro de 2020 do REGIÃO DE LEIRIA)