Os praticantes de desporto sempre desejaram atingir melhores resultados. Desde a antiguidade que se associa a importância da alimentação ao sucesso desportivo, sendo comum, naquela altura, o recurso a diferentes “ajudas”, que incluíam determinados alimentos ou partes de animais, com vista à melhoria do desempenho físico.
Estas “ajudas” têm o nome de ergogénicas, ou seja, algo que visa aumentar o desempenho físico eliminando os sintomas de fadiga. Com a investigação e desenvolvimento científico, hoje conhecemos a composição dos diferentes alimentos e o seu impacto na performance desportiva. Deste modo, hoje é possível aconselhar todos os que aspiram a superar-se fisicamente através do treino e da alimentação.
Apesar da massiva quantidade de trabalhos de qualidade a serem desenvolvidos nesta área os praticantes de desporto de todos os níveis, desde novatos a profissionais, são vulgarmente confundidos por uma grande quantidade de informação de má qualidade, em particular na internet.
São vários os “gurus” da nutrição que a coberto de interesses pessoais e comerciais, aconselham determinados produtos ou estratégias nutricionais desadequadas, ausentes de base cientifica e com alguns riscos para a saúde.
Uma das estratégias passa precisamente por recorrer aos suplementos nutricionais. Refira-se que neste âmbito, as motivações divergem.
Se, de facto, alguns procuram melhorar performance desportiva recorrendo a substâncias ergogénicas, outros procuram melhorar a recuperação entre sessões de treino e outros melhorar a componente estética.
É difícil encontrar uma definição consensual de “suplementação”.
O mais comum é abranger todo o tipo de suplementos, desde multivitamínicos, a proteína passando até por esteroides anabolizantes quando se fala de “suplementação”.
A desinformação é tremenda e perigosa, à qual se adiciona o facto de não ser exigido que os suplementos passem pelos criteriosos controlos de qualidade e validação pelos quais passam os medicamentos. Não é por isso incomum relatos de suplementos cujo conteúdo não corresponde ao descrito no rótulo, ou de contaminação de suplementos com substâncias proibidas no desporto, algo preocupante no caso dos desportistas sujeitos a testes de controlo de dopagem.
Não obstante o impacto negativo a nível desportivo e eventual suspensão após um teste positivo, preocupa as consequências que estas substâncias poderão ter na saúde do atleta.
É fundamental perceber que dos suplementos nutricionais disponíveis no mercado, poucos têm base científica comprovada e reais efeitos positivos no rendimento desportivo, um tema a explorar na próxima crónica.
Por outro lado, o uso de suplementos não pode nunca substituir uma alimentação equilibrada e nutricionalmente rica e personalizada. É determinante adequar os suplementos aos objetivos de cada pessoa ou atleta e de cada modalidade desportiva, dada a especificidade que cada suplemento.
O uso incorreto de uma substância ou o uso inadequado acarreta um risco que poderá ter consequências a nível da saúde.
Recomenda-se o adequado aconselhamento realizado por profissionais de saúde ou da área do exercício físico devidamente capacitados.
Informe-se junto do seu médico.
(Artigo publicado na edição de 3 de outubro de 2019 do REGIÃO DE LEIRIA)
