Passar horas com o nosso príncipe ao colo, dar eternos beijos e abraços, absorver e guardar em memória o seu cheiro, a textura da sua pele e os sorrisos profundamente deliciosos, tão inocentes e sinceros.
Rir até me doer a barriga com as gargalhadas da nossa terrorista, que tem um sentido de humor ímpar e uma energia inesgotável.
Perder-me no sorriso doce e sereno da nossa princesa mais velha, exímia nadadora e saltadora, que me acompanha em muitas aventuras e que vive dentro de água como um peixe.
Correr atrás dos garotos e fazer castelos, barcos de piratas, sereias e afins na areia, até cairmos de cansaço.
Brincar nas ondas com os miúdos e as minhas irmãs, pois sempre fomos uns literais peixes, até ficarmos com o cabelo cheio de areia e a pele enrugada e roxa de tanto estar dentro de água.
Aproveitar ao máximo para estar com os meus pais e irmãs que estão longe e todos os anos nos juntamos nas férias de verão.
Nadar horas no mar aberto e quente até que os braços e as pernas me doam e seja expulsa da água por causa das cãibras.
Amar perdidamente.
Deitar conversa fora, sem nexo e sem me preocupar com a coerência e intelectualidade do discurso e com a crítica.
Isenção de horários e não ter de ouvir “são horas de…” ou “temos de estar ali às tantas horas”.
Limitar o horário de trabalho a uns minutos por dia, pois não posso estar “off” todo o tempo. Foi algo que aprendi a gerir e são as regras do jogo quando temos a responsabilidade de coordenar várias equipas e projetos que “não tiram férias”. É inclusive na altura de férias que o trabalho criativo é mais rico e acabo por desenvolver ideias de caráter mais inovador e disruptivo.
Trocar os sapatos altos pelas Havaianas, os vestidos formais pelos calções e não ter de me preocupar com a aparência.
Dormir a sesta e ler os livros que tenho empilhados há muito, que já havia começado a ler e com os quais adormeci inúmeras vezes.
“Impor” regras como: “É proibido acordar nas férias antes das oito da manhã e fazer birras e choradeiras”…mas não consegui. São sete e já andam a pedir praia.
Deixar o carro na garagem e não ter de conduzir centenas de quilómetros por semana, como é habitual.
Captar os sorrisos, as gargalhadas e os momentos através da fotografia.
Partilhar vivências e experiências.
Simplesmente viver a minha família, os meus amigos, a praia, o mar, o sol, a areia, as caminhadas e as corridas.
(texto publicado na edição de 7 de agosto de 2014)