Concentrados na guerra da Ucrânia, muitos não se aperceberam de um facto importantíssimo que evidencia a nova ordem mundial, os arqui inimigos, Irão e Arábia Saudita, reataram laços diplomáticos sob a égide da China.
Anote-se, o Irão, inimigo jurado dos Estados Unidos, a Arábia Saudita, aliada privilegiada destes no mundo árabe. Recentemente XI Jinping foi a Moscovo e reafirmou a aliança com Putin, não se tendo coibido de lhe declarar a sua amizade e o desejo de o continuar a ver no poder. Para espanto de muitos, ao mesmo tempo, Zelenski expressou interesse em se encontrar com Xi. Por cá, exultou-se com a emissão de um mandado do Tribunal Penal Internacional para capturar Putin.
Se olharmos para a situação internacional de forma realista, o mundo unipolar saído da Guerra Fria e hegemonizado pelos Estados Unidos está a estilhaçar-se e já são bem visíveis os sinais da emergência da China como uma potência global, em termos populacionais, de desenvolvimento económico e de influência estratégica.
A guerra na Ucrânia e o sacrifício do seu povo não passam do ponto de atrito mais relevante onde se jogam os movimentos de mudança geoestratégica mundial que, à semelhança das placas tectónicas quando se movem, estão a provocar terramotos e tsunamis políticos de consequências imprevisíveis.
Infelizmente, os líderes ocidentais preferem fingir que estamos apenas face a um conflito entre o lobo Putin e o cordeiro Zelenski, entre a autocracia russa e a democracia e a liberdade ucranianas, e que isso se vai resolver com matanças, vendas de armas e fazendo da Ucrânia um protetorado.
O Ocidente continua, como sempre, a mostrar o seu lado agressivo e opressor e em nome dos valores democráticos envolveu-se numa guerra que não pode ganhar, não quer perder, mas também não consegue parar. Xi Jinping espera, pacientemente, o melhor momento para intervir e trazer a paz à Europa.
José Manuel Silva
Professor, gestor educacional, consultor
jmsilva2350@gmail.com
Exclusivo2 de Abril de 2023
Passageiro do tempo: A pax chinesa
Xi Jinping espera para intervir e trazer a paz à Europa.