Assinar

Subscreva!

Newsletters RL

Saber mais

Passageiro do tempo: O futuro do Ensino Superior

O Governo tornou público um relatório da OCDE sobre a situação e o futuro do Ensino Superior Português.

jmsilva.leiria@gmail.com

O Governo tornou público um relatório da OCDE sobre a situação e o futuro do Ensino Superior Português. A maior lacuna deste relatório é debruçar-se apenas sobre o ensino superior tutelado pelo Estado, não havendo praticamente uma linha sobre o ensino superior privado, que representa quase 20% do total, e que é ignorado como um parceiro importante e como um ator fundamental do processo de reforma indispensável.

O relatório, ainda em fase de recolha de contributos, não diz nada que não se saiba, mas sublinha as nossas fragilidades e aponta alguns caminhos a seguir que não se deviam perder de vista para benefício do sistema e, sobretudo, do país.

De forma telegráfica, sublinhamos o essencial. É fundamental aumentar o fluxo de estudantes do secundário para o superior, com particular destaque para os oriundos dos cursos profissionais, o que exige uma mudança de paradigma no sistema de acesso.

As universidades e os politécnicos continuam demasiado dependentes do respetivo ministério e os seus figurinos de gestão estão ultrapassados, a lógica da gestão empresarial devia substituir a lógica burocrática de um serviço público e o financiamento devia ser cada vez mais autónomo e diversificado, por outro lado a interação com as empresas continua muito aquém do desejável.

Os corpos docentes estão envelhecidos e são demasiado fechados, não há abertura a contratação de docentes estrangeiros e as promoções são endógenas, o que dificulta a renovação e a abertura à inovação.

As instituições, sobretudo as do interior, não são vistas pela comunidade como pólos essenciais de desenvolvimento regional, pelo potencial formativo, de investigação e de partilha de conhecimento e pivots da criação de riqueza e da fixação de pessoas.

O diagnóstico, mais um, está feito. Falta a ação, que depende das forças políticas mas também de cada um de nós.

(Artigo publicado na edição de 15 de fevereiro de 2018)