“A sobrevivência dos mais aptos” é uma expressão usada para descrever a teoria da evolução de Darwin e significa, grosso modo, que as espécies menos adaptadas perdem a corrida da sobrevivência para as mais bem adaptadas.
Desta teoria nasceu o darwinismo social, que prevê que os indivíduos melhor adaptados serão os “sobreviventes” das batalhas sociais. No extremo, esta teoria pode ser usada para desculpar e até louvar atitudes egoístas e pouco éticas que, por vezes, encaixam perfeitamente no termo tão português que é o “desenrascanço”.
Eu refuto este extremismo do vale tudo em nome da “sobrevivência”, porque na espécie humana, como em muitas outras, quem tem de ser o mais apto para sobreviver não é o individuo, mas sim a sociedade, e esta deve ser encarada como um ser vivo. Só sobrevivem as sociedades nas quais a maioria dos elementos coopera para o bem geral e os indivíduos que não funcionam segundo esta lógica agem como parasitas que corroem essa mesma sociedade.
Sem prejuízo para outros tipos de parasitas, parecem-me dignos de reflexão os desacatos que aconteceram um pouco por todo o país causados por “simples” descontos. Foi em nome deles que pessoas roubaram, empurraram e desrespeitaram. Penso que é uma desculpa fraca para o que se passou e serve para nos alertar para o que pode acontecer se houver uma verdadeira situação de emergência.
(texto publicado na edição em papel de 18 de maio de 2012)