Eu gosto de Coisas. Sou por vocação e oportunidade um viajante ocasional e sempre que posso deixo a Marinha Grande e vou à descoberta. Não sou esquisito com o tipo de destino, mas sou particularmente fã de grandes cidades. Nelas há sempre muito para ver, muitos pormenores, muitas Coisas. Gosto de observar as pessoas na sua rotina, apreciar os edifícios, visitar os bares, passear nos parques e gosto especialmente de arte urbana. Nada como objetos coloridos ou cinzentos, disformes ou nem por isso, despropositados ou contextualizados, largados ao acaso por uma cidade para me deixar bem-disposto.
E foi isso que aconteceu um dia destes ao entrar no Parque da Cerca no centro da Marinha e deparar-me com a exposição de arte urbana que lá se encontra instalada. Senti-me transportado para uma cidade onde acontecem Coisas, uma cidade onde dá gosto viver. Uma sensação rara aqui por estes lados.
Eu não gosto de Coisos. Quem diz Coisos, diz selvagens, grunhos, vândalos. Não se costuma ver, mas andam por todo o lado e não são esquisitos. Tanto apreciam pavilhões desportivos (Alvaiázere), como percursos na natureza (Pia do Urso e Bezerra) e também, pelos vistos, arte urbana. É verdade que têm bom gosto, mas a sua maneira de apreciar não me entusiasma muito. Preconceito meu, talvez.
PS: Já foram ver a exposição? Não? Então de que estão à espera?
(texto publicado na edição em papel de 29 de junho de 2012)