Não podia estar mais de acordo com o Rui Tavares quando escreve no “Público” de 5 de março que “Aquilo de que precisamos mais do que nunca, num jornal, é uma explicação de como as coisas funcionam. As pessoas já sabem das notícias, já ouviram os comentários, mas continuam a querer tentar entender como funcionam as coisas”.
Por exemplo, não preciso de um jornal que me diga que o arroz de marisco da Praia da Vieira foi eleito como uma das 7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal.
O que eu quero saber é quanto custou e a quem. E não me refiro só ao valor da candidatura, devem existir montantes “escondidos”, desde gastos com publicidade a jantares oficiais, entre outros que nem imagino e que temos o direito de saber.
E além disso, passados seis meses, e com o prémio esquecido por quase todos, convém apurar resultados e descobrir se valeu a pena, ou seja, houve impacto mensurável na economia local?
Porque uma coisa é certa, ao ritmo que as empresas organizadoras, a EIPWU e a New 7 Wonders Portugal, vão inventando concursos, não tenho dúvidas de que, pelo menos para eles, vale a pena. Para quem paga, e que normalmente são entidades públicas, é que já não sei.
E visto que estamos à beira de mais uma euforia incompreensível à volta de maravilhas, desta vez em versão praia e mais uma vez paga, pelo menos parcialmente, com dinheiros públicos, gostava de saber.
(texto publicado na edição em papel de 16 de março de 2012)