Coiso e tal, isto e aquilo, e já agora decidi reduzir os vossos salários em 7% e entregar esse valor às empresas. E agora vão ver a seleção jogar para afogarem as mágoas enquanto eu me vou divertir à brava num concerto do Paulo de Carvalho”.
Não deve ter sido bem assim que se passou, mas é a memória que tenho daquela noite surreal, em que o Pedro conseguiu unir os portugueses como só Scolari tinha feito. Foi a noite em que ele mostrou o jogo todo, o plano que tem para Portugal e o que espera dos portugueses. Estes obviamente não gostaram e nem o facto de ser dono de um semblante honesto e de uma voz grave (atributos que está provado serem dos fatores que mais influenciam o voto dos eleitores) o salvou. Portugal veio para a rua como há muito não acontecia e um pouco por todo o lado as pessoas juntaram-se para mostrar a sua indignação.
Na Marinha Grande, e correndo o risco de errar, eu diria que éramos entre duas a três mil pessoas, o que num concelho com cerca de 40 mil habitantes me parece significativo. A manifestação foi morna, facto que não me surpreende, pois devia haver muitos como eu, novatos nestas andanças e sem grande jeito para palavras de ordem ou para bater nos tachos. No entanto, demos o corpo, estivemos lá e acho que o mais importante foi conseguido: uma grande mancha humana a percorrer a cidade por um objetivo comum.
(texto publicado a 21 de setembro de 2012)