A dignidade de um monumento e da sua zona envolvente afirma-se pelas regras de utilização que pratica e pelos exemplos que transmite.
Só por loucura ou irresponsabilidade alguém iria autorizar no ano 21 do século XXI o estacionamento automóvel na zona contígua ao mosteiro da Batalha ou no empedrado que rodeia o mosteiro dos Jerónimos. Como é evidente, seria inaceitável transformar o grande terreiro frontal do Mosteiro de Alcobaça num parque de estacionamento.
De norte a sul do país, seria fácil anotar outros exemplos. Os locais mais nobres e com maior simbolismo devem ser valorizados e protegidos. Quando isso não acontece, o estado e as instituições projetam no domínio público leituras que podem ser interpretadas como indiferença e falta de respeito.
Ao contrário de muitos exemplos que campeiam noutros municípios da região, bem como de norte a sul do país, Leiria ignora a importância de preservar e dignificar o monumento nacional chamado Sé de Leiria, a catedral da cidade, casa mater da diocese.
As laterais e as zonas frontais do templo, mandado construir para celebrar a criação da diocese e o fim da subjugação a Coimbra, foram há muitos anos ocupadas com um parque de estacionamento de automóveis, alimentando um negócio sem sentido, que põe o dinheiro à frente dos valores.
Agora que um dos elevadores de acesso ao castelo tem a sua plataforma na zona do estacionamento da Sé, fica ainda mais à vista de todos o desleixo e o abandono de um espaço que devia ser tratado com respeito e dignidade.
A Paróquia de Leiria e o Município devem dialogar e avançar de imediato com a única decisão aceitável: impedir o estacionamento automóvel em toda a envolvente da Sé catedral, iniciando logo a seguir a requalificação do espaço.
