A CMLeiria suspendeu a construção do “pavilhão multiusos” para melhor ponderar sobre o investimento, “sem causar impacto nos cofres da autarquia,” e efectuar um estudo “para avaliar o impacto da construção e os custos de financiamento”. O presidente Gonçalo Lopes esclareceu que “não há recuo, há sentido de responsabilidade, não há cancelamento, há planeamento, (…) há preocupações de sustentabilidade e gestão rigorosa dos dinheiros públicos”. Recorde-se que o projecto, de início orçamentado em 12 milhões€, derrapara para um custo global de 18 milhões€, mais uns largos milhares de euros em estudos e adaptações. Face aos montantes e até por se ir localizar junto de outra aberração, onde jazem cerca de 90 milhões€, não se pode deixar de apoiar uma eterna suspensão! Recorde-se que o pavilhão foi em tempos apresentado como suporte da candidatura de Leiria a Capital Europeia do Desporto!
A maioria socialista, entretanto, decidiu aprovar um projecto de requalificação do Topo Norte do estádio, com a criação de um “Centro de Negócios” e custo previsto de 13 milhões€+IVA. Uma derrapagem de 75% em relação ao projecto inicial, orçamentado em 7,5 milhões€. As razões que sustentaram a suspensão do “pavilhão multiusos” deviam ter impedido que o projecto de requalificação do Topo Norte tivesse sido aprovado, segundo o PSD, sem ter sido “feito um estudo económico de suporte a futuras utilizações, nem definida qualquer tipo de gestão/exploração”. Apesar disso, o PSD absteve-se!
O presidente Gonçalo Lopes afirmou que o projecto do “Centro de Negócios”, entre outros, visa “acelerar a recuperação económica no período pós-pandemia”.
O “Centro de Negócios”, na actual conjuntura, não pode ser considerado prioritário e a maioria socialista, se quiser auxiliar na resposta à recessão que se avizinha, tem muito por onde escolher, desde a recuperação das condutas de abastecimento de água, ao apoio à reconversão do comércio e da restauração, à protecção do ambiente, aos incentivos à reabilitação do edificado urbano, para não falar no reforço premente do auxílio aos mais frágeis dos nossos concidadãos. É imperativo evitar o desperdício financeiro e exigir uma definição clara e fundamentada dos objectivos e das prioridades onde se pretendem aplicar os dinheiros públicos.
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(Artigo publicado na edição de 7 de maio de 2020 do REGIÃO DE LEIRIA)