O acto banal de abrir a torneira para beber água canalizada e tratada é um gesto a que diversas gerações de leirienses, tardiamente, se habituaram. Se recuarmos a 1958, as freguesias rurais do concelho tinham graves insuficiências no abastecimento público de água e a existir era, demasiadas vezes, a partir de fontanários. Muitos lugares abasteciam-se apenas a partir de poços cisterna de mergulho. Como exemplo, pode referir-se um ofício da Câmara dirigido ao Director dos Serviços de Salubridade onde se descreve a situação da freguesia de Santa Catarina da Serra que não possuía “uma única fonte pública, que pela sua abundância de água satisfaça as necessidades dos moradores do lugar, e as poucas fontes existentes não têm os mais rudimentares princípios de higiene. Durante o verão os moradores de alguns lugares têm de se deslocar quilómetros para se abastecer de água.” O ofício especifica que na Loureira, com 160 fogos, havia um poço cisterna descoberto que juntava águas da via pública, e no lugar da Magueijia os 40 fogos existentes não tinham água. No Ulmeiro, com 70 fogos, apenas existia uma fonte de água imprópria para consumo. Outras freguesias, como a do Arrabal, apresentavam situações idênticas. Os Pousos, em melhores condições, possuíam fontanário e distribuição domiciliária. Além das carências no abastecimento de água, a eletrificação também deixava muito a desejar. Diversas sedes de freguesia não possuíam acesso à eletricidade, bem como grande parte dos 420 lugares do concelho.
Artigo exclusivo para os nossos assinantes
Tenha acesso ilimitado a todos os conteúdos do site e à edição semanal em formato digital.
Se já é assinante, entre com a sua conta. Entrar