O acto banal de abrir a torneira para beber água canalizada e tratada é um gesto a que diversas gerações de leirienses, tardiamente, se habituaram. Se recuarmos a 1958, as freguesias rurais do concelho tinham graves insuficiências no abastecimento público de água e a existir era, demasiadas vezes, a partir de fontanários. Muitos lugares abasteciam-se apenas a partir de poços cisterna de mergulho. Como exemplo, pode referir-se um ofício da Câmara dirigido ao Director dos Serviços de Salubridade onde se descreve a situação da freguesia de Santa Catarina da Serra que não possuía “uma única fonte pública, que pela sua abundância de água satisfaça as necessidades dos moradores do lugar, e as poucas fontes existentes não têm os mais rudimentares princípios de higiene. Durante o verão os moradores de alguns lugares têm de se deslocar quilómetros para se abastecer de água.” O ofício especifica que na Loureira, com 160 fogos, havia um poço cisterna descoberto que juntava águas da via pública, e no lugar da Magueijia os 40 fogos existentes não tinham água. No Ulmeiro, com 70 fogos, apenas existia uma fonte de água imprópria para consumo. Outras freguesias, como a do Arrabal, apresentavam situações idênticas. Os Pousos, em melhores condições, possuíam fontanário e distribuição domiciliária. Além das carências no abastecimento de água, a eletrificação também deixava muito a desejar. Diversas sedes de freguesia não possuíam acesso à eletricidade, bem como grande parte dos 420 lugares do concelho.
José Vitorino Guerra
Exclusivo
6 de Agosto de 2022
Tempo incerto: Perdas de água
Ainda existe um vasto campo de acção para combater as perdas de água na rede, cerca de quatro milhões de metros cúbicos, em 2021, com um valor de 1,7 milhões de euros.