Porque estamos a chegar à pré-época das autárquicas, venho convidar-vos a refletir sobre um facto estranho da n/ democracia. Concorrer às autárquicas é, quase, um exclusivo dos partidos políticos.
Tenho pouco a opor a isso. Em tese, os cidadãos, em função das suas opções ideológicas, filiam-se nos partidos e aqui determinarão quem integrará as suas listas. Só que a realidade acaba por não ser esta.
No concelho de Leiria, o número de militantes de todos os partidos ronda os 1.000. Talvez mais duas ou três centenas… Num concelho com mais de 110.000 eleitores! Militantes são menos de 1% dos eleitores do concelho! E os que participam ativamente na vida partidária, estando, por isso, habilitados a fazer essa lista de forma consciente é “coisa” que assusta.
Falaremos de 150 militantes? 200? Menos 0,2% dos eleitores! E aqui ainda poderíamos estreitar mais a malha… Isto num tempo em que mais de metade destes eleitores está no facebook, opina sobre imensos assuntos locais, nacionais e internacionais. E depois, na hora da verdade, na génese do processo… onde estão?
Parece-me que, protestando nós tanto contra a classe política, fazemos muito, quase tudo, para que seja assim, porque a nossa participação cívica se cinge a ter direito a votar. E, mesmo assim, votar mesmo … só pouco mais de metade.
Afinal, que política e políticos queremos? A culpa não é só “deles”… que só podem votar 1 vez.
(texto publicado a 7 de setembro de 2012)