Paulo Assim vence Prémio Literário Cidade de Almada
Paulo Assim na cerimónia de entrega do Prémio Literário Cidade de Almada O livro “Estado Febril”, de Paulo Assim, de Porto de Mós, venceu o Prémio Literário Cidade de Almada 2017, este ano dedicado à poesia. Concorreram 167 obras literárias originais à edição de 2017, tendo o vencedor recebido um prémio pecuniário no valor de cinco mil euros. As obras foram avaliadas por um júri constituído por José Correia Tavares, da Associação Portuguesa de Escritores, Liberto Cruz, da Associação Portuguesa de Críticos Literários, e Graça Pires, em representação da Câmara Municipal de Almada. Graça Pires, porta-voz do júri, descreveu a obra “Estado Febril” como “um livro que sobressai pela excelência da sua estética, pela singularidade da sua linguagem e pela sua força expressiva” “Os poemas dialogam entre si, neste livro que fala de amor. Um amor em que o presente reencena o passado, resgatando um tempo vivido. Como se a organização dos poemas obedecesse a uma viagem interior, o autor tem no fogo e na água os elementos onde se perde e onde se encontra”, acrescentou. A cerimónia pública de anúncio do vencedor realizou-se dia 12 de setembro no Fórum Municipal Romeu Correia, em Almada. O Prémio Literário Cidade de Almada é promovido desde 1989 pela Câmara de Almada e é atribuído anualmente, sendo dedicado ao Romance nos anos par, e à Poesia nos anos ímpar. “Estado Febril” não tem ainda data de edição prevista. Por gentileza de Paulo Assim, partilhamos “Combustão”, um dos poemas que consta na obra premiada. As árvores de Inverno têm dedos que me amarram os olhos, bocas hibernadas que me segredam ninhos macios de aves agora poisadas no sul do mundo. Por baixo delas sonho com raízes que crescem para cima imitando a força dos meus cabelos dos anos noventa. As árvores de Inverno são frias por fora, mas com muito lume por dentro: despertam em mim a apetência dos frutos mais vermelhos e quentes, o mesmo que dizer: o teu corpo. O teu corpo na combustão lenta da carne a abrir-se, a chamar-me: e o meu nome a germinar. Todos os frutos têm a nossa pele e oferecem-se à lâmina das facas. Paulo Assim, pseudónimo de Paulo Carreira, nasceu em 1965 na aldeia de Casais de Além, freguesia de Calvaria de Cima, concelho de Porto de Mós. Atualmente na Batalha. A sua obra tem sido reconhecida através da atribuição de diversos prémios literários nas categorias de romance, conto e poesia, nomeadamente “A Quinta-feira dos Pássaros”, que recebeu os prémios Paul Harris 2005 (Rotary Club de Faro) e Gaspar Fructuoso 2009 (Ribeira Grande, Açores), “Celulose”, agraciado com o Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres 2010, “Mão sobre os olhos”, que obteve o Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres 2011, e “Retrato a sépia”, ganhador do Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, em 2011. Em 2012, o livro “A aviaras” recebeu o Prémio Literário Horácio Bento Gouveia e, em 2013, viu várias obras suas serem galardoadas: “De corpo para corpo” (Prémio Literário Manuel Maria Barbosa du Bocage), “Póvoa de Varzim ou O Paraíso Aqui” (Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha, Correntes d’ Escritas), “Livro de Família” (Prémio de Poesia Raul de Carvalho) e “Árvore Genealógica” (Prémio de Poesia Soledade Summavielle), do Núcleo de Artes e Letras de Fafe.