autorização de residência

Residência artística gratuita permite experiência teatral original em Leiria

Pisar o palco pode ter um efeito libertador. E é potencialmente viciante. É isso que o Libélula Teatro e o município de Leiria querem mostrar com duas residências artísticas no Teatro Miguel Franco, dias 19 e 26 de fevereiro, antecipando a apresentação da peça “Terapia para uma mala vazia”, em março. A autora e atriz Sandrine Cordeiro falou ao REGIÃO DE LEIRIA sobre este desafio. Qual o objectivo destas residências artísticas?Essencialmente é a promoção de uma experiência teatral à comunidade em geral, a partir da temática “Diferenciação de géneros vs Emoções”, que são o foco principal do espetáculo “Terapia para uma mala vazia”. Para além da experiência que se pretende desenvolver com os participantes, usando alguns excertos do nosso espetáculo, serve também para que o público em geral tenha uma breve experiência do processo criativo para a construção de um espetáculo. Consequentemente, queremos formar público e, quem sabe, deixar o “bichinho do teatro” entrar nos participantes que, poderão, eventualmente, vir a integrar – ou formar – grupos de teatro amador. Esse não é o intuito principal, mas sabemos que a frequência em workshops, residências artísticas nesta e noutras áreas criativas se podem tornar viciantes. Como surgiu a ideia?A partir de uma residência artística que, tanto eu como o Emanuel Jacinto, frequentámos em Alcobaça, no ano passado. As características são muito distintas, uma vez que a residência decorreu ao longo de cerca de dois meses, quase diariamente, culminando num espetáculo que foi apresentado duas vezes. Essa residência era destinada à comunidade para não profissionais, mas como era uma oportunidade única de poder participar num projeto tão interessante sob a direção da Mala Voadora, infiltrámo-nos e foi uma experiência incrível. Com a estreia de “Terapia para uma mala vazia”, percebemos que as cenas do espetáculo são tão do nosso quotidiano, provocando o riso e reações no público que se identificava com determinados momentos do espetáculo. Nesse sentido, surgiu a ideia de criar uma residência artística a partir de excertos do espetáculo que servirão para a criação de cenas distintas entre os participantes. Neste caso e, dado que a duração é tão curta, não se pretende chegar à criação de um espetáculo, mas estimular a criação de cenas a partir destes gatilhos. Como vão desenvolver-se as residências?Estamos muito expectantes em relação a este desafio que propomos e que para nós também o será. O processo da residência iniciar-se-á com pequenos jogos dramáticos para desenvolver a desinibição e fomentar a dinâmica de grupo. É fundamental, passar por este processo. As pessoas que nunca experimentaram vão, por norma, com um misto de medo e adrenalina porque se vão propor a algo que desconhecem. E essa é a mistura ideal para dar o passo e ultrapassar limites. É um acto de coragem, também. Depois desses exercícios e, como se tratam de temas muito específicos, vamos trabalhar a partir de pequenos excertos do texto do nosso espetáculo, mas não vamos dar tudo. O desafio é libertarem-se e dar continuidade de forma espontânea a um estímulo. Estamos num lugar nosso, em que estamos todos vulneráveis, não há lugar a juízos de valor, nem de “talento”. Não é disso que se trata.  São dirigidas a quem?À comunidade, de preferência a quem nunca experimentou, mas não excluímos quem já tenha o bichinho entranhado. É absolutamente compreensível e não os censuramos por isso [risos]. É mesmo para todos, mesmo para tímidos?Para quem alega “timidez”, é dos melhores desafios! Digo-o por experiência própria. Em 1999, fui a medo, mas com toda a curiosidade e vontade, a uma primeira reunião para participar num workshop de teatro, d’”O Nariz”. Lembro-me de pensar “só vou lá ver como é que é e depois não ponho lá mais os pés porque não vou conseguir”. A verdade é que sempre pensei que a minha intervenção no teatro seria nos bastidores, a criar cenários e figurinos, era impensável, para mim e, para quem me conhecia, subir ao palco! Resultado: o bichinho instalou-se de tal modo que continuei a trabalhar com “O Nariz”, todos os anos me deslocava a Lisboa para frequentar workshops, até esgotá-los quase todos, fui co-fundadora de um outro grupo de teatro para a infância e do Libélula Teatro, até que fiz mestrado em teatro porque queria e quero sempre mais! A par de todas estas experiências fui professora de expressão dramática durante vários anos e o Emanuel sofre da mesma “doença” que eu. Não pretendemos transmitir o “vírus”, mas que estas experiências são transformadoras, são! Que espectáculo é “Terapia para uma mala vazia”?É a primeira produção do Libélula Teatro para adultos. O texto já existia há alguns anos na gaveta, de onde não esperava que saísse, mas o reencontro com o Emanuel (fomos colegas de trabalho há uma década atrás, nas artes visuais, sem sabermos que tanto um como outro estava infetado pelo “vírus”) fez com que este texto saísse da gaveta, sofrendo algumas alterações. O espetáculo estreou em junho e correu muito bem, mas segundo o público “soube a pouco” e a verdade é que a nós também. Portanto, no dia 16 de março vamos levar o espetáculo ao Teatro Miguel Franco (e, antes disso, dia 15 de fevereiro, no Teatro do Bairro, em Lisboa e, no dia 16 no Animateatro, em Amora). Quem já assistiu, poderá voltar a assistir porque o texto foi aumentado e, vai continuar a sê-lo. Não é um texto fechado e ainda nos está a pedir mais. Nós vamos dar-lhe [risos]. As duas residências artísticas de curta duração promovidas pelo município de Leiria e pelo Libélula Teatro acontecem nos dias 19 e 26 de fevereiro, entre as 19 e as 21 horas, no Teatro Miguel Franco. “É uma experiência inédita. Cada participante pode escolher uma ou as duas datas”, explica Sandrine Cordeiro. “Acreditamos que quem se inscreveu apenas na primeira data, certamente voltará na semana seguinte”. A participação é livre e as inscrições podem ser feitas através do e-mail libelula.t@gmail.com.O Libélula Teatro nasceu em Leiria em 2009. O foco inicial das suas criações era o público infantil. “Reconhecemos que a

Residência artística gratuita permite experiência teatral original em Leiria

Pisar o palco pode ter um efeito libertador. E é potencialmente viciante. É isso que o Libélula Teatro e o município de Leiria querem mostrar com duas residências artísticas no Teatro Miguel Franco, dias 19 e 26 de fevereiro, antecipando a apresentação da peça “Terapia para uma mala vazia”, em março. A autora e atriz Sandrine Cordeiro falou ao REGIÃO DE LEIRIA sobre este desafio. Qual o objectivo destas residências artísticas?Essencialmente é a promoção de uma experiência teatral à comunidade em geral, a partir da temática “Diferenciação de géneros vs Emoções”, que são o foco principal do espetáculo “Terapia para uma mala vazia”. Para além da experiência que se pretende desenvolver com os participantes, usando alguns excertos do nosso espetáculo, serve também para que o público em geral tenha uma breve experiência do processo criativo para a construção de um espetáculo. Consequentemente, queremos formar público e, quem sabe, deixar o “bichinho do teatro” entrar nos participantes que, poderão, eventualmente, vir a integrar – ou formar – grupos de teatro amador. Esse não é o intuito principal, mas sabemos que a frequência em workshops, residências artísticas nesta e noutras áreas criativas se podem tornar viciantes. Como surgiu a ideia?A partir de uma residência artística que, tanto eu como o Emanuel Jacinto, frequentámos em Alcobaça, no ano passado. As características são muito distintas, uma vez que a residência decorreu ao longo de cerca de dois meses, quase diariamente, culminando num espetáculo que foi apresentado duas vezes. Essa residência era destinada à comunidade para não profissionais, mas como era uma oportunidade única de poder participar num projeto tão interessante sob a direção da Mala Voadora, infiltrámo-nos e foi uma experiência incrível. Com a estreia de “Terapia para uma mala vazia”, percebemos que as cenas do espetáculo são tão do nosso quotidiano, provocando o riso e reações no público que se identificava com determinados momentos do espetáculo. Nesse sentido, surgiu a ideia de criar uma residência artística a partir de excertos do espetáculo que servirão para a criação de cenas distintas entre os participantes. Neste caso e, dado que a duração é tão curta, não se pretende chegar à criação de um espetáculo, mas estimular a criação de cenas a partir destes gatilhos. Como vão desenvolver-se as residências?Estamos muito expectantes em relação a este desafio que propomos e que para nós também o será. O processo da residência iniciar-se-á com pequenos jogos dramáticos para desenvolver a desinibição e fomentar a dinâmica de grupo. É fundamental, passar por este processo. As pessoas que nunca experimentaram vão, por norma, com um misto de medo e adrenalina porque se vão propor a algo que desconhecem. E essa é a mistura ideal para dar o passo e ultrapassar limites. É um acto de coragem, também. Depois desses exercícios e, como se tratam de temas muito específicos, vamos trabalhar a partir de pequenos excertos do texto do nosso espetáculo, mas não vamos dar tudo. O desafio é libertarem-se e dar continuidade de forma espontânea a um estímulo. Estamos num lugar nosso, em que estamos todos vulneráveis, não há lugar a juízos de valor, nem de “talento”. Não é disso que se trata.  São dirigidas a quem?À comunidade, de preferência a quem nunca experimentou, mas não excluímos quem já tenha o bichinho entranhado. É absolutamente compreensível e não os censuramos por isso [risos]. É mesmo para todos, mesmo para tímidos?Para quem alega “timidez”, é dos melhores desafios! Digo-o por experiência própria. Em 1999, fui a medo, mas com toda a curiosidade e vontade, a uma primeira reunião para participar num workshop de teatro, d’”O Nariz”. Lembro-me de pensar “só vou lá ver como é que é e depois não ponho lá mais os pés porque não vou conseguir”. A verdade é que sempre pensei que a minha intervenção no teatro seria nos bastidores, a criar cenários e figurinos, era impensável, para mim e, para quem me conhecia, subir ao palco! Resultado: o bichinho instalou-se de tal modo que continuei a trabalhar com “O Nariz”, todos os anos me deslocava a Lisboa para frequentar workshops, até esgotá-los quase todos, fui co-fundadora de um outro grupo de teatro para a infância e do Libélula Teatro, até que fiz mestrado em teatro porque queria e quero sempre mais! A par de todas estas experiências fui professora de expressão dramática durante vários anos e o Emanuel sofre da mesma “doença” que eu. Não pretendemos transmitir o “vírus”, mas que estas experiências são transformadoras, são! Que espectáculo é “Terapia para uma mala vazia”?É a primeira produção do Libélula Teatro para adultos. O texto já existia há alguns anos na gaveta, de onde não esperava que saísse, mas o reencontro com o Emanuel (fomos colegas de trabalho há uma década atrás, nas artes visuais, sem sabermos que tanto um como outro estava infetado pelo “vírus”) fez com que este texto saísse da gaveta, sofrendo algumas alterações. O espetáculo estreou em junho e correu muito bem, mas segundo o público “soube a pouco” e a verdade é que a nós também. Portanto, no dia 16 de março vamos levar o espetáculo ao Teatro Miguel Franco (e, antes disso, dia 15 de fevereiro, no Teatro do Bairro, em Lisboa e, no dia 16 no Animateatro, em Amora). Quem já assistiu, poderá voltar a assistir porque o texto foi aumentado e, vai continuar a sê-lo. Não é um texto fechado e ainda nos está a pedir mais. Nós vamos dar-lhe [risos]. As duas residências artísticas de curta duração promovidas pelo município de Leiria e pelo Libélula Teatro acontecem nos dias 19 e 26 de fevereiro, entre as 19 e as 21 horas, no Teatro Miguel Franco. “É uma experiência inédita. Cada participante pode escolher uma ou as duas datas”, explica Sandrine Cordeiro. “Acreditamos que quem se inscreveu apenas na primeira data, certamente voltará na semana seguinte”. A participação é livre e as inscrições podem ser feitas através do e-mail libelula.t@gmail.com.O Libélula Teatro nasceu em Leiria em 2009. O foco inicial das suas criações era o público infantil. “Reconhecemos que a

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